Logótipo do Centro de Estudos de História Local e Regional Salvador Dias Arnaut

Início

Notícias

Biblioteca

Mapoteca

Arquivo

Wiki CEHLR

 

Pesquisa

Salvador Dias Arnaut


Salvador Manuel Dias dos Santos Arnaut nasceu a 25 de Outubro de 1913 na povoação do Pastor, concelho de Penela, distrito de Coimbra. 

Frequentou a instrução primária em Penela. Em Coimbra, cursou o ensino secundário e universitário. Licenciou-se em Medicina em 1940. Em 1947, concluiu uma segunda licenciatura em Histórico-Filosóficas.

Iniciou a sua carreira profissional na área da medicina, tendo exercido, durante um ano, a profissão de médico no seu concelho natal. Prosseguiu a sua actividade em Coimbra integrando o quadro dos médicos da Delegação de Saúde desta cidade.  Foi professor da Escola de Enfermagem da Rainha Santa Isabel. 

Desde muito cedo, despertou em Salvador Dias Arnaut a vocação de historiador, expressa em artigos versando temas de História Local publicados em revistas e jornais.  

“Ser estudante, usar capa e batina, e fazer uma conferência, envolve necessariamente um paradoxo”. Esta é a primeira frase de um belíssimo texto escrito para uma sessão comemorativa do oitavo centenário da criação do concelho de Penela realizada em 1937, evento proposto à Câmara pelo jovem estudante de medicina.

Concluída a licenciatura com 18 valores, foi, de imediato, contratado como Segundo Assistente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, dando início a uma longa carreira docente.

Leccionou uma diversidade de cadeiras no âmbito da licenciatura: História Geral da Civilização, História de Portugal, História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa e História do Brasil. Nos anos sessenta, foi director do Seminário de História Moderna de Portugal. A partir de 1978, dirigiu seminários de História Medieval de Portugal.

Atingida a jubilação em 1983, prosseguiu a sua profícua actividade docente, na qualidade de professor catedrático convidado, colaborando nos Mestrados de História Moderna e História da Expansão Portuguesa.

O seu saber e humanidade marcou várias gerações de estudantes portugueses e estrangeiros, estes através da regência de Cadeiras no Curso de Férias e nos Cursos Anuais para Estrangeiros.

Ao longo da sua vida académica exerceu, com entusiasmo e espírito de serviço, vários cargos: Director do Instituto de História Ultramarina (1965-1974) e do Instituto de História da Expansão e do Colonialismo (1978-1984); subdirector da Faculdade de Letras (1971 e 1974); Presidente da Comissão Científica do Grupo de História (1978-1984).

Pertenceu à Academia Portuguesa da História e à Associação dos Arqueólogos Portugueses 

A História da Idade Média foi uma das épocas históricas da sua eleição. A ela dedicou duas das suas obras maiores: as teses de licenciatura e de doutoramento. A primeira versou a Batalha de Trancoso (1947) estudo galardoado com o prémio Alexandre Herculano. A segunda, elaborada na mesma linha da primeira, intitula-se A Crise Nacional dos fins do século X1V. A sucessão de D. Fernando (1960) e constituiu a consagração do historiador medievalista no domínio da História Institucional e Política. 

O professor Salvador Dias Arnaut trilhou outros campos historiográficos particularmente inovadores e ousados, atendendo às circunstâncias do tempo em que desenvolveu uma parte da sua vida académica. Tratou com mestria grandes figuras históricas, em particular o Infante D. Pedro, senhor de Penela (1993);  e com sensibilidade os Amores de Pedro e Inês: suas consequências políticas (1986). 

Abriu, na docência e na investigação, caminhos de grande pioneirismo historiográfico, como a história da alimentação, ao escrever A arte de comer em Portugal na Idade Média (1967).

Cumpriu, de forma particular, os desígnios da História Nova de Marc Bloch e Lucien Febvre ao perseguir “o homem todo e todos os homens” nos territórios da História Local e Regional. As Terras Portuguesas e o Avelar (1933); Penela. Notas acerca de um centenário (1937); Ulmar na Antiga Toponímia Portuguesa (1938); Ladeia e Ladera (1939); Para a História do Germanelo (1941); Região do Rabaçal. A terra e o homem (1955 e 1961); Penela. História e Arte (1983) são alguns dos frutos de uma produção historiográfica gerada “por amor à terra” e construída com a mestria de um historiador rigoroso.

Dedicou os seus últimos trabalhos a temas que lhe eram particularmente queridos no âmbito da docência, Três estudos sobre os Descobrimentos (1994), e da vida, A Medicina (1997).

Salvador Dias Arnaut, na sua qualidade de historiador e de médico, sondou ainda a alma humana no campo da literatura tendo publicado estudos sobre Gil Vicente, Eça de Queiroz ou António Nobre.